CASA ROJO
FICHA TÉCNICA
Projeto: Construção
Uso: Residencial
Ano: 2024
Autoria: Gustavo Herrera
Coautores: Daniela Gomes, Gabriel Máximo
Localização: Capinota – Bolívia
Área de Interferência: 424m²
Área Total: 424m²
Materiais Predominantes: Cerâmica, Concreto, Pedra.
VÍNCULO EM VERMELHO
Localizada em Capinota, na Bolívia, e a 48 km de Cochabamba — terceira maior cidade do país — a Casa Rojo se insere em um contexto marcado pelo clima semiárido e pela grande flutuação de temperaturas, elementos adotados desde o início como diretrizes relevantes para o projeto.
No coração da residência, tanto por questões climáticas quanto estéticas, um jardim de inverno atua como pulmão verde e regulador térmico do espaço, onde o microclima gerado suaviza o calor do dia enquanto ventila os arredores. Simultaneamente, as áreas íntimas da residência foram concebidas com tijolos maciços para diminuir a inercia térmica e manter a temperatura fresca durante as noites geladas, garantindo conforto durante o sono.
Na cobertura, seu formato quase plano e de maior espessura serve de resposta à baixa pluviosidade local, uma vez que retarda tanto o calor diurno, quanto o frio noturno. Em paralelo, os tons claros dos revestimentos nas fachadas refletem o sol intenso, reduzindo a carga térmica interna, enquanto os tijolos retem o calor restante integralmente para mais tarde.
"A ideia principal foi trabalhar o clima como um dos temas centrais do projeto. Assim, a casa nasce de uma resposta direta ao calor e frio excessivos, à luz intensa e à pouca chuva da região.”
"A casa não se fecha em si mesma. Ela se abre para receber, compartilhar e viver em conjunto. É um residência pensada para momentos coletivos, mas sem sacrificar a possibilidade de intimidade.”
INTEGRAÇÃO SOCIAL
A planta do projeto organiza-se em torno de um eixo de convivência que conecta o jardim e a piscina à sala e à cozinha, criando uma transição fluida entre interior e exterior. Essa linearidade prolonga-se até a cobertura, através de uma escadaria frontal na fachada, que transforma o piso superior em mais um espaço de encontro, possibilitado pelo seu caráter quase plano.
Em oposição, os dormitórios e áreas íntimas recuam para os fundos, todos isolados por suas paredes maciças, salvo apenas os janelões flexíveis que oferecem luz e ventilação externa para cada um, sem perda de privacidade. A separação destes para o social é feita pelo jardim de inverno, que também estabelece um elo visual entre os diferentes setores da casa.
A articulação integral e íntima dos ambientes valoriza a vida em comunidade sem exposições desnecessárias, traduzindo um modo de morar voltado ao acolhimento e à troca. O projeto então possibilita momentos coletivos e íntimos em uma mesma narrativa espacial.
APRESENTAÇÃO VISUAL
Concebida também para impressionar, a primeira marca visual é dada pelo jardim e piscina em frente à residência, que recebem o visitante e introduzem de imediato a essência do projeto: Um espaço coletivo e acolhedor, mas que também não esconde suas qualidades.
O piso vermelho intenso conduz o olhar e os passos até a entrada, funcionando como um tapete vermelho contemporâneo que conecta exterior, interior e cobertura. Esse gesto consolida a identidade visual da obra e simboliza a elegância e imponência desejadas.
Partindo ainda de questões de apresentação, até mesmo a caixa d’água foi integrada de forma escultórica, uma vez que foi envolta por um volume vermelho que se destaca no topo da cobertura. Mais do que solução funcional, o elemento reforça a força plástica da composição e conclui o raciocínio do projeto: uma casa que responde ao clima, promove integração social e se afirma visualmente como um manifesto da identidade de seus moradores.
“Nos solicitaram que a casa tivesse presença. Que ela fosse vista, sentida e lembrada por quem a visitasse. O vermelho entrou como marca, como identidade e como gesto de boas-vindas.”

