CASA JARDIM
FICHA TÉCNICA
Projeto: Reforma + Construção
Uso: Residencial
Ano: 2025
Autoria: Gustavo Herrera
Coautores: Daniela Gomes, Gabriel Máximo
Localização: Capinota – Bolívia
Área de Interferência: 242m²
Área Total: 528m²
Materiais Predominantes: Cerâmica, Pedra, Vidro.
REFORMA NOVA FORMA
Localizada em Capinota, na Bolívia, a Casa Jardim nasceu da transformação de uma residência compacta em um lar ampliado para acolher um novo casal da família. A reforma duplicou a metragem construída, mas ainda preservou grande parte do terreno livre, valorizado pelos moradores tanto para cultivo quanto para reuniões sociais ao ar livre.
A nova configuração buscou atender a esse modo de vida, criando ambientes que respeitam o pré-existente enquanto introduzem áreas que ampliam as experiências da casa. Deste modo, todos os ambientes sociais foram transferidos para o trecho construído, enquanto o volume original passou a abrigar exclusivamente os espaços íntimos.
Através do recém criado bloco social, a residência se abre para encontros, sem perder a sensação de aconchego familiar. Externamente destacam-se a lareira e a área de refeições externas, ambas cobertas por pérgolas metálicas que além de proteger contra intempéries, foram concebidas para receber trepadeiras, que trazem frescor e criam uma atmosfera acolhedora e em harmonia com o jardim.
"Expandir e reformar são sempre oportunidades de reinventar um espaço. Neste cenário, a principal preocupação era preservar o existente, mas ao mesmo tempo destacar o novo por vir."
"O diálogo entre antigo e novo ganha força na diferença, não na semelhança. Neste projeto, escolhemos demarcar as épocas da residência, ao invés de apagar seu passado."
CONTRASTE PLÁSTICO
A estética da Casa Jardim se apoia no contraste entre formas e materiais, criando uma leitura clara do que foi preservado e do que foi transformado. Paredes em tons claros, revestidas com pedra ou tijolinho, se unem a planos horizontais mais escuros, em madeira e cerâmica alaranjada, estabelecendo um equilíbrio entre rusticidade e sobriedade.
Esse jogo de oposições é ainda mais evidente na relação entre a construção original e a nova ala. Enquanto o volume existente manteve suas fachadas de tijolo estrutural, o anexo foi projetado com estrutura independente de concreto, generosas aberturas de vidro e um telhado de inclinação marcante, em forte contraste com o pré-existente.
A escolha por realçar as diferenças ao invés de disfarçá-las permitiu que o projeto atingisse harmonia sem apagar a memória do que já havia. Assim, a casa não nega seu passado, mas o valoriza, revelando na arquitetura a convivência equilibrada entre continuidade e renovação.
INTEGRAÇÃO INTERIOR-EXTERIOR
Mais do que um gesto estético, a organização dos volumes buscou potencializar a vida ao ar livre. Os ambientes sociais foram posicionados de frente para o jardim, garantindo convivência direta com a vegetação e com os espaços de lazer, como a lareira e a área externa de refeições.
A integração se estende pelo cuidado com o desenho dos pisos e caminhos, que conduzem os moradores e visitantes por diferentes perspectivas do terreno. Nesse percurso, a intersecção de vidro levemente recuada, entre os dois blocos principais, atua como ponto focal de orientação para a entrada da casa para quem vem do lazer externo, em conjunto com o ritmo das vegetações e o desenho do piso, reforçando a clareza do acesso.
Essa relação entre interior e exterior transforma cada deslocamento em uma experiência arquitetônica. A residência, ao mesmo tempo que se protege, se abre para o terreno, reafirmando que sua essência está no diálogo com a natureza e no acolhimento dos momentos de encontro.
"A casa se completa quando o jardim participa da rotina. Sua forma e disposição foram inteiramente pensadas para isso, de modo que interior e exterior se misturem nos ambientes de convívio quase que de forma inconsciente ou imperceptível."